quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Inquisição - A história não contada

Excelente vídeo que conta um pouquinho da verdadeira história da Santa Inquisição. Totalmente diferente do que você aprendeu na escola e é caluniosamente divulgado pela mídia anticatólica. Tudo muito bem embasado, diferente do que fazem os caluniadores.

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Blogs católicos que receberam o Selo Dominus Vobiscum 2010/2011

Com orgulho, tive dois blogs agraciados: Euricozine e O Campanhense. Segue lista dos 14 blogs premiados:


Catequisando como Jesus
http://catequizandocomojesus.blogspot.com/
Ecclesia Una
http://beinbetter.wordpress.com
PHN Goiania
http://www.phngoiania.com.br
Movimento Litúrgico
http://www.movimentoliturgico.com.br/
Lana Cristina
http://lana-cristina.blogspot.com/
Flávio Alexandre
http://www.flavioalexandre.com
Deus de Ternura
http://deusdeternura.blogspot.com/
Catequese caminhando
http://catequesecaminhando.blogspot.com/
Romilson Feitosa
http://gentedefe.com/romilsonfeitosa/
O mundo de Osvaldo
http://www.omundodeosvaldo.wordpress.com/
Deus é maior
http://deusemaior.com.br/
Eurico Zine
http://www.euricozine.blogspot.com/
O Campanhense
http://www.ocampanhense.blogspot.com/
Sou católica
http://soucatolica.wordpress.com/

Todos estes blogs serão adicionados na lista de links do Dominus Vobiscum. E estão recebendo este selo por serem blog genuinamente católicos, com conteúdos no qual um católico verdadeiro pode ler sem ter problemas com a sua fé, com a sua ética e com sua moral cristã. Parabéns pelo belo trabalho desenvolvido ao longo do ano. Bom saber que tenho irmãos firmes na caminhada!
Pax Domini

Blog Dominus Vobiscum.

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

A EDUCAÇÃO DOS FILHOS

A EDUCAÇÃO DOS FILHOS
MONS. ÁLVARO NEGROMONTE - 1961 -

Li este excelente livro que penso ser de extrema utilidade aos pais e educadores católicos. Nele temos o verdadeiro conceito de EDUCAÇÃO. É também de grande utilidade para fazermos uma alto avaliação de nossa vida. Não só verificamos pontos onde estamos falhando como educadores, como também onde nossa formação foi deficiente.
Clique na "capa" acima para baixar o livro em seu PC em formato PDF.

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

História do Natal Digital

Um amigo postou este video no Grupo Católicos do Facebook. Achei genial!

Como as Redes Sociais, a web e o mobile contam a História da Natividade.
O Natal através do Facebook, Twitter, YouTube, Google, Wikipedia,  Google Maps, GMail, Foursquare, Amazon...

Os tempos mudam, o sentimento continua o mesmo.

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

A cegueira dos homens

São Simeão, o Novo Teólogo (c. 949-1022), monge grego, santo das Igrejas Ortodoxas     




 Hino 53 (a partir da trad. SC 196, pp. 221ss. rev.)


[Diz Cristo:]
Quando criei Adão, permiti-lhe que Me visse
e por isso que ficasse colocado na dignidade dos anjos. [...]
Ele via tudo o que Eu havia criado com os seus olhos corpóreos,
mas com os da inteligência
via o Meu rosto, o rosto do seu Criador.
Contemplava a Minha glória
e conversava Comigo o tempo todo.
Mas quando, transgredindo as Minhas ordens,
provou da árvore,
ficou cego
e caiu na obscuridade da morte. [...]


Mas Eu tive piedade dele e vim lá do alto.
Eu, o absolutamente invisível,
partilhei a opacidade da carne.
Recebendo da carne um começo, tornado homem,
fui visto por todos.
Por que aceitei fazer isso?
Porque esta era a verdadeira razão
para ter criado Adão: para Me ver.
Quando ele ficou cego
e, na sequência dele, todos os seus descendentes,
não suportei permanecer
na glória divina e abandonar [...]
aqueles que criara com as Minhas mãos;
mas tornei-Me semelhante em tudo aos homens,
corporal com os corporais,
e uni-Me a eles voluntariamente.
Por aqui podes ver o Meu desejo de ser visto pelos homens. [...]
Como podes então dizer que Me escondo de ti,
que não Me deixo ver?
Na verdade, Eu brilho, mas tu não olhas para Mim.

Fontes: Evangelho Cotidiano
            Άγιοι - Saints (Για ιεράρχες δες στην ανάλογη κατηγορία)

terça-feira, 30 de novembro de 2010

Padre Antônio Maria é punido pela Arquidiocese de Aracajú por simulação de administração de sacramento


Em virtude do midiático Pe. Antonio Maria ter participado e abençoado uma segunda união do Prefeito de Capela, Manoel Messias Sukita com Silvany, foi punido de acordo com o Código de Direito Canônico. A Arquidiocese abriu processo administrativo para apurar os fatos.
Foi concluído o processo e o Pe. Antonio Maria reconheceu que errou. Disse o padre: "“Me sinto envergonhado com esta celebração que não poderia ser realizada e peço desculpas em nome da Igreja Católica e da Arquidiocese de Aracaju. Fiquei constrangido por manchar a honra da sagrada Igreja”

Veja aqui mais detalhes e os documentos do processo eclesiástico:

Arquidiocese de Aracaju pune Pe. Antonio Maria por “simulação de administração de sacramento”.

 

 Fontes: Fratres in Unum.com

             i9Lagarto.com

           Correio de Sergipe.com

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

“Verbum Domini” em cápsulas

Passagens representativas da exortação apostólica de Bento XVI

CIDADE DO VATICANO, sexta-feira, 12 de novembro de 2010 (ZENIT.org) - Apresentamos algumas das passagens mais representativas da exortação apostólica pós-sinodal Verbum Domini, de Bento XVI, que recolhe as conclusões do Sínodo dos Bispos realizado no Vaticano em outubro de 2008, sobre "A Palavra de Deus na vida e na missão da Igreja".
* * *
Objetivo: "Desejo assim indicar algumas linhas fundamentais para uma redescoberta, na vida da Igreja, da Palavra divina, fonte de constante renovação, com a esperança de que a mesma se torne cada vez mais o coração de toda a atividade eclesial." (n. 1)

Religião da Palavra, não do livro: "A fé cristã não ser uma 'religião do Livro': o cristianismo é a 'religião da Palavra de Deus', não de 'uma palavra escrita e muda, mas do Verbo encarnado e vivo'." (7)

Tradição e Escritura: "É a Tradição viva da Igreja que nos faz compreender adequadamente a Sagrada Escritura como Palavra de Deus." (17)

Sagrada Escritura, inspiração e verdade: "A Sagrada Escritura é 'Palavra de Deus enquanto foi escrita por inspiração do Espírito de Deus'. Deste modo se reconhece toda a importância do autor humano que escreveu os textos inspirados e, ao mesmo tempo, do próprio Deus como verdadeiro autor." (19)

Deus escuta o homem: "É decisivo, do ponto de vista pastoral, apresentar a Palavra de Deus na sua capacidade de dialogar com os problemas que o homem deve enfrentar na vida diária. (...) A pastoral da Igreja deve ilustrar claramente como Deus ouve a necessidade do homem e o seu apelo." (23)

Exegese: "No seu trabalho de interpretação, os exegetas católicos jamais devem esquecer que interpretam a Palavra de Deus. A sua tarefa não termina depois que distinguiram as fontes, definiram as formas ou explicaram os processos literários. O objectivo do seu trabalho só está alcançado quando tiverem esclarecido o significado do texto bíblico como Palavra atual de Deus." (33)

Antigo Testamento e judaísmo: "A compreensão judaica da Bíblia pode ajudar a inteligência e o estudo das Escrituras por parte dos cristãos. (...) O Novo Testamento está oculto no Antigo e o Antigo está patente no Novo. (...) Desejo afirmar uma vez mais quão precioso é para a Igreja o diálogo com os judeus." (41/43)

Bíblia e ecumenismo: "Na certeza de que a Igreja tem o seu fundamento em Cristo, Verbo de Deus feito carne, o Sínodo quis sublinhar a centralidade dos estudos bíblicos no diálogo ecumênico, que visa a plena expressão da unidade de todos os crentes em Cristo." (46)

Traduções, serviço ao ecumenismo: "A promoção das traduções comuns da Bíblia faz parte do trabalho ecumênico. Desejo aqui agradecer a todos os que estão comprometidos nesta importante tarefa e encorajá-los a continuarem na sua obra." (46)

Escritura e Liturgia: "Exorto os Pastores da Igreja e os agentes pastorais a fazer com que todos os fiéis sejam educados para saborear o sentido profundo da Palavra de Deus que está distribuída ao longo do ano na liturgia, mostrando os mistérios fundamentais da nossa fé." (52)

A homilia: "É preciso que os pregadores tenham familiaridade e contato assíduo com o texto sagrado; preparem-se para a homilia na meditação e na oração, a fim de pregarem com convicção e paixão." (59)

Celebrações da Palavra de Deus: "Os Padres sinodais exortaram todos os Pastores a difundir, nas comunidades a eles confiadas, os momentos de celebração da Palavra. (...) Tal prática não pode deixar de trazer grande proveito aos fiéis, e deve considerar-se um elemento importante da pastoral litúrgica." (65)

Acústica: "Para favorecer a escuta da Palavra de Deus, não se devem menosprezar os meios que possam ajudar os fiéis a prestar maior atenção. Neste sentido, é necessário que, nos edifícios sagrados, nunca se descuide a acústica, no respeito das normas litúrgicas e arquitetônicas." (68)

Canto litúrgico: "No âmbito da valorização da Palavra de Deus durante a celebração litúrgica, tenha-se presente também o canto nos momentos previstos pelo próprio rito, favorecendo o canto de clara inspiração bíblica capaz de exprimir a beleza da Palavra divina por meio de um harmonioso acordo entre as palavras e a música. Neste sentido, é bom valorizar aqueles cânticos que a tradição da Igreja nos legou e que respeitam este critério; penso particularmente na importância do canto gregoriano." (70)

Atenção aos portadores de deficiência: "O Sínodo recomendou uma atenção particular àqueles que, por causa da própria condição, sentem dificuldade em participar ativamente na liturgia, como por exemplo os cegos e os surdos." (71)

A animação bíblica da pastoral: "O Sínodo convidou a um esforço pastoral particular para que a Palavra de Deus apareça em lugar central na vida da Igreja, recomendando que 'se incremente a pastoral bíblica, não em justaposição com outras formas da pastoral mas como animação bíblica da pastoral inteira'." (73)

Dimensão bíblica da catequese: "A atividade catequética implica sempre abeirar-se das Escrituras na fé e na Tradição da Igreja, de modo que aquelas palavras sejam sentidas vivas, como Cristo está vivo hoje onde duas ou três pessoas se reúnem em seu nome." (74).

Lectio Divina: "Nos documentos que prepararam e acompanharam o Sínodo, falou-se dos vários métodos para se abeirar, com fruto e na fé, das Sagradas Escrituras. Todavia prestou-se maior atenção à lectio divina, que 'é verdadeiramente capaz não só de desvendar ao fiel o tesouro da Palavra de Deus, mas também de criar o encontro com Cristo, Palavra divina viva'." (87)

Palavra de Deus e Terra Santa: "Os Padres sinodais lembraram a expressão feliz dada à Terra Santa: 'o quinto Evangelho'. Como é importante a existência de comunidades cristãs naqueles lugares, apesar das inúmeras dificuldades! O Sínodo dos Bispos exprime profunda solidariedade a todos os cristãos que vivem na Terra de Jesus, dando testemunho da fé no Ressuscitado." (89)

Anúncio e nova evangelização: "Há muitos irmãos que são 'batizados mas não suficientemente evangelizados'. É frequente ver nações, outrora ricas de fé e de vocações, que vão perdendo a própria identidade, sob a influência de uma cultura secularizada. A exigência de uma nova evangelização, tão sentida pelo meu venerado Predecessor, deve-se reafirmar sem medo, na certeza da eficácia da Palavra divina." (96)

Testemunho: "A Palavra de Deus alcança os homens através do encontro com testemunhas que a tornam presente e viva." (97)

Compromisso pela justiça: "A Palavra de Deus impele o homem para relações animadas pela rectidão e pela justiça, confirma o valor precioso aos olhos de Deus de todas as fadigas do homem para tornar o mundo mais justo e mais habitável." (100)

Direitos humanos: "Quero chamar a atenção geral para a importância de defender e promover os direitos humanos de toda a pessoa (...). A difusão da Palavra de Deus não pode deixar de reforçar a consolidação e o respeito dos direitos humanos de cada pessoa." (101)

Palavra de Deus e paz: "No contexto atual, é grande a necessidade de descobrir a Palavra de Deus como fonte de reconciliação e de paz, porque nela Deus reconcilia em Si todas as coisas (cf. 2 Cor 5, 18-20; Ef 1, 10): Cristo 'é a nossa paz' (Ef 2, 14), Aquele que derruba os muros de divisão." (102)

Palavra de Deus e proteção da criação: "O compromisso no mundo requerido pela Palavra divina impele-nos a ver com olhos novos todo o universo criado por Deus e que traz já em si os vestígios do Verbo, por Quem tudo foi feito (...). A arrogância do homem que vive como se Deus não existisse, leva a explorar e deturpar a natureza, não a reconhecendo como uma obra da Palavra criadora." (108)

Internet: "No mundo da internet, que permite que bilhões de imagens apareçam sobre milhões de monitores em todo o mundo, deverá sobressair o rosto de Cristo e ouvir-se a sua voz, porque, 'se não há espaço para Cristo, não há espaço para o homem'." (113)

Diálogo inter-religioso: "A Igreja reconhece como parte essencial do anúncio da Palavra o encontro, o diálogo e a colaboração com todos os homens de boa vontade, particularmente com as pessoas pertencentes às diversas tradições religiosas da humanidade, evitando formas de sincretismo e de relativismo." (117)

Diálogo e liberdade religiosa: "O respeito e o diálogo exigem a reciprocidade em todos os campos, sobretudo no que diz respeito às liberdades fundamentais e, de modo muito particular, à liberdade religiosa. Tal respeito e diálogo favorecem a paz e a harmonia entre os povos." (120)

Fonte: Agência Zenit

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Dança Liturgica?

O Cardeal Francis Arinze, Prefeito da Congregação para o Culto Divino entre 2002 e 2008, responde a perguntas sobre dança litúrgica e música secular na Missa.

Algumas de suas frases no vídeo:

"Não deveríamos falar sobre dança litúrgica de jeito algum, porque a dança (...) não é parte do culto."

"(...) o africano se moverá para a direita e para a esquerda. Não é uma dança. É um movimento gracioso para mostrar alegria e oferta."

"Mas não vamos à Missa para divertirmos. Não vamos à Missa admirar pessoas; e aplaudí-las e dizer: "de novo! de novo! maravilhoso!excelente!" Isso é adequado para um auditório, para um teatro."

"As passoas que estão discutindo a dança litúrgica deveriam usar o seu tempo rezando o Rosário (...) ou lendo um dos documentos do Papa sobre a Sagrada Eucaristia".

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Vida de Santo Agostinho de Hipona em filme


Será que ainda chega ao Brasil?

Veja neste link, em espanhol,  mais informações sobre o filme dedicado a vida do Bispo de Hipona: Moral y Luces

Catequese do Papa: Santo Agostinho, a busca da Verdade e o silêncio

CIDADE DO VATICANO, quarta-feira, 25 de agosto de 2010 (ZENIT.org) – Apresentamos o discurso de Bento XVI na audiência geral desta quarta-feira, no pátio da residência pontifícia de Castel Gandolfo, em que, na presença dos peregrinos, o Papa falou sobre Santo Agostinho, a busca da Verdade e a importância do silêncio.
* * * 
Caríssimos irmãos e irmãs,
na vida de cada um de nós existem pessoas muito queridas, que sentimos particularmente próximas, algumas já estão nos braços de Deus, outras ainda partilham conosco o caminho da vida: são os nossos pais, os parentes, os educadores, as pessoas a quem fizemos bem ou de quem recebemos o bem; são pessoas com quem sabemos que podemos contar. É importante, entretanto, ter também alguns “companheiros de viagem” no caminho de nossa vida cristã: penso no Diretor espiritual, no Confessor, nas pessoas com quem se pode compartilhar a experiência de fé, mas penso também na Virgem Maria e nos Santos. Todos devem ter algum santo que lhe seja familiar, para senti-lo próximo por meio da oração e intercessão, mas também para imitá-lo. Gostaria de convidar, então, a um maior conhecimento dos Santos, começando por aquele de quem se leva o nome, lendo sua vida, seus escritos. Tenham certeza de que eles se tornarão bons guias para amar ainda mais o Senhor e uma válida ajuda para o crescimento humano e cristão.

Como sabem, eu mesmo estou ligado de modo especial a algumas figuras dos Santos: entre eles, estão São José e São Bento, de quem levo o nome, e outros, como Santo Agostinho, que tive o grande dom de conhecer, por assim dizer, muito de perto, através do estudo e da oração, e que se tornou um bom “companheiro de viagem” na minha vida e no meu ministério.
Gostaria de sublinhar uma vez mais um aspecto importante da sua experiência humana e cristã, atual mesmo em nossa época, em que parece que o relativismo é, paradoxalmente, a “verdade” que deve guiar o pensamento, as escolhas, os comportamentos. Santo Agostinho é um homem que nunca viveu com superficialidade; a sede, a busca inquieta e constante da Verdade é uma das características fundamentais de sua existência; não, porém, das “pseudo verdades” incapazes de levar paz duradoura ao coração, mas daquela Verdade que dá sentido à existência e é “a morada” em que o coração encontra serenidade e alegria.
O caminho dele não foi fácil, nós sabemos: pensava em encontrar a Verdade no prestígio, na carreira, na posse das coisas, nas vozes que lhe prometiam felicidade imediata; cometeu erros, atravessou a tristeza, enfrentou insucessos, mas nunca parou, nunca se satisfez com aquilo que lhe dava apenas um vislumbre de luz; soube perscrutar o íntimo de si e percebeu, como escreve nas Confissões, que aquela Verdade, que o Deus que buscava com suas próprias forças era mais íntimo de si que ele próprio, ele sempre esteve ao seu lado, nunca o tinha abandonado, estava à espera de poder entrar de modo definitivo na sua vida (cf. III, 6, 11; X, 27, 38). Como dizia ao comentar o recente filme sobre sua vida, Santo Agostinho compreendeu, em sua busca inquieta, que não era ele quem havia encontrado a Verdade, mas a própria Verdade, que é Deus, tinha-o buscado e encontrado (cf. L’Osservatore Romano, quinta-feira, 4 de setembro de 2009, p. 8). Romano Guardini, comentando uma passagem do terceiro capítulo das Confissões, afirma: Santo Agostinho percebe que Deus é “glória que se ajoelha, bebida que mata a sede, o amor que traz felicidade, [... ele era] a pacificante certeza de que finalmente tinha compreendido, mas também a beatitude do amor que sabe: isto é tudo e me basta” (Pensatori religiosi, Brescia 2001, p. 177).

Também nas Confissões, no livro nono, nosso Santo reporta uma conversa com a mãe, Santa Mônica. É uma cena muito bonita: ele e sua mãe estão em Ostia, em um hotel, e da janela veem o céu e o mar, transcendem céu e mar, e por um momento tocam o coração de Deus no silêncio das criaturas. E aqui surge uma ideia fundamental no caminho para a Verdade: as criaturas devem silenciar, deve prevalecer o silêncio, em que Deus pode falar. Isso é verdade ainda mais em nosso tempo: há uma espécie de medo do silêncio, do recolhimento, do pensar as próprias ações, do sentido profundo da própria vida, frequentemente se prefere viver o momento fugaz, iludindo-se de que traz felicidade duradoura, prefere-se viver assim pois parece mais fácil, com superficialidade, sem pensar; há medo de buscar a Verdade ou talvez haja medo de que a Verdade seja encontrada, que agarre e mude a vida, como aconteceu com Santo Agostinho.

Caríssimos irmãos e irmãs, gostaria de dizer a todos, também àqueles que vivem um momento de dificuldade no seu caminho de fé, aos que participam pouco da vida da Igreja ou aos que vivem “como se Deus não existisse”, que não tenham medo da Verdade, não interrompam o caminho para ela, não deixem de buscar a verdade profunda sobre si e sobre as coisas, com os olhos interiores do coração. Deus não falhará em oferecer a Luz para fazer ver e Calor para fazer sentir, ao coração que ama e que deseja ser amado.
A intercessão da Virgem Maria, de Santo Agostinho e de Santa Mônica os acompanhe neste caminho.

[Traduzido do original italiano por Alexandre Ribeiro.
Após a audiência, o Papa dirigiu-se aos peregrinos em diferentes idiomas. Em português, disse:]

Queridos peregrinos vindos do Brasil e de Portugal, a minha saudação amiga para todos vós, em especial para os grupos paroquiais de Unhos, Catujal e Viseu. Recordamos nestes dias Santo Agostinho e sua mãe, Santa Mônica, testemunhas de como Jesus Cristo Se deixa encontrar por quantos O procuram. E, com Ele, a vossa vida não poderá deixar de ser feliz.

quinta-feira, 29 de julho de 2010

Resposta ao menoscabo de Raul Gil à Igreja.




Peço a todos os católicos que verem este video, que manifestem seu repúdio no blog do cretino neste link: Blog do Raul Gil . Temos de mostrar nossa força. Não podemos nos calar. Imaginem se tivesse feito piadinhas com muçulmanos. Eles se calariam?

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Dom Luiz Gonzaga Bergonzini, diz que não arreda o pé

Em entrevista à Folha de São Paulo, Bispo de Guarulhos mantém posição. Ou seja, continua seguindo o Evangelho e o Sagrado Magistério em favor da Vida.

Notícia retirada do Blog do Fernando:

Bispo de Guarulhos diz que não recuará em mobilização contra Dilma

FÁBIO ZAMBELI
DE BRASÍLIA
Pivô da polêmica mobilização contra Dilma Rousseff, o bispo de Guarulhos (SP), d. Luiz Gonzaga Bergonzini afirma que não recuará e levará sua manifestação de veto à presidenciável às missas e celebrações das 37 paróquias da cidade.

Ele considera o PT favorável à descriminalização do aborto e divulgou artigo recomendando aos católicos que boicotem a petista.

Governado desde 2001 pelo PT, o município é o segundo colégio eleitoral do Estado, com 788 mil votantes. A campanha informal alicerçada na diocese desagradou o prefeito Sebastião Almeida.

"Sou católico e respeito a posição do religioso. Mas não posso concordar com a transformação de uma posição doutrinária da Igreja Católica em apoio ou rejeição a qualquer candidato."

Em entrevista à Folha, d. Luiz Gonzaga, 74 anos, diz não ter nada pessoal contra a candidata, mas é irredutível, mesmo após as recorrentes negativas da ex-ministra da Casa Civil.

"Ela [Dilma] segue o partido, ela é a candidata. Então eu vou matar a cobra na cabeça. Pessoalmente não tenho nada contra ela. Mas o direito à vida é o maior direito humano. O aborto é atitude covarde e criminosa. Eu não arredo o pé, não."

Leia os principais trechos da entrevista concedida pelo bispo.

Folha - Mesmo com a recomendação da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) pela neutralidade na campanha, o senhor decidiu explicitar sua posição contrária à candidata Dilma Rousseff. Por quê?

D. Luiz Gonzaga Bergonzini - Em primeiro ligar, que recomendação é essa? A CNBB não tem autoridade nenhuma sobre os bispos. Eu segui a voz da minha consciência. Sou cristão de verdade e defendo o mandamento "não matarás". Não tem esse negócio de "meio termo".

Folha - A candidata afirma que não defende a descriminalização do aborto. Mesmo assim, o senhor cita o nome dela no artigo.

Ela [Dilma] segue o partido, ela é a candidata. Então eu vou matar a cobra na cabeça. Pessoalmente não tenho nada contra ela. Mas o direito à vida é o maior direito humano. O aborto é atitude covarde e criminosa. Eu não arredo o pé, não.

Folha - Como o senhor concluiu que ela tem essa posição? Isso nunca ficou claro e ela nega.

É o terceiro plano de governo que ela adota. Como percebeu que havia reação, foi mudando. Não vou recuar.

Folha - O senhor pretende levar ao conhecimento dos fiéis da diocese essa recomendação de não votar na candidata Dilma?

Os padres devem notificar ao povo a orientação do bispo. Eu não vou arredar o pé, não importa as consequências que eu venha sofrer, mas o que importa é minha consciência e seguir o Evangelho. Eu não tenho medo. O que pode acontecer? Deus saberá.

Folha - Inclusive nas missas, os padres vão tratar do tema? Vão citar o nome da candidata?

Tratar do tema, não. Podem citar o nome dela, porque vou mandar uma carta para os padres notificarem as pessoas da minha recomendação nas missas. Como cidadão, tenho direito de expressar minha opinião e, como bispo, tenho a obrigação de orientar os fiéis.

Folha - O senhor teme algum tipo de retaliação ou reação negativa, seja por parte da CNBB ou de partidários da candidata Dilma?

Sempre tem alguma coisa. Tenho recebido muitos e-mails. Não sei se são ameaças, mas contestando. Mas posso te dizer que muitos de apoio. As pessoas dizem: "finalmente alguém que usa calça comprida resolveu reagir".




Fontes: Blog do Fernando
            Folha de São Paulo

CNBB censura texto de D. Bergonzini.

A CNBB retirou do site oficial, este texto de D. Luiz Gonzaga Bergonzini, Bispo de Guarulhos, que aqui reproduzimos:

Dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus
01-07-2010 - 11:35
Com esta frase Jesus definiu bem a autonomia e o respeito, que deve haver entre a política (César) e a religião (Deus). Por isto a Igreja não se posiciona nem faz campanha a favor de nenhum partido ou candidato, mas faz parte da sua missão zelar para que o que é de “Deus” não seja manipulado ou usurpado por “César” e vice-versa.

Quando acontece essa usurpação ou manipulação é dever da Igreja intervir convidando a não votar em partido ou candidato que torne perigosa a liberdade religiosa e de consciência ou desrespeito à vida humana e aos valores da família, pois tudo isso é de Deus e não de César. Vice-versa extrapola da missão da Igreja querer dominar ou substituir- se ao estado, pois neste caso ela estaria usurpando o que é de César e não de Deus.

Já na campanha eleitoral de 1996, denunciei um candidato que ofendeu pública e comprovadamente a Igreja, pois esta atitude foi uma usurpação por parte de César daquilo que é de Deus, ou seja o respeito à liberdade religiosa.

Na atual conjuntura política o Partido dos Trabalhadores (PT) através de seu IIIº e IVº Congressos Nacionais (2007 e 2010 respectivamente), ratificando o 3º Plano Nacional de Direitos Humanos (PNDH3) através da punição dos deputados Luiz Bassuma e Henrique Afonso, por serem defensores da vida, se posicionou pública e abertamente a favor da legalização do aborto, contra os valores da família e contra a liberdade de consciência.

Na condição de Bispo Diocesano, como r e s p o n s á v e l pela defesa da fé, da moral e dos princípios fundamentais da lei natural que - por serem naturais procedem do próprio Deus e por isso atingem a todos os homens -, denunciamos e condenamos como contrárias às leis de Deus todas as formas de atentado contra a vida, dom de Deus,como o suicídio, o homicídio assim como o aborto pelo qual, criminosa e covardemente, tira-se a vida de um ser humano, completamente incapaz de se defender. A liberação do aborto que vem sendo discutida e aprovada por alguns políticos não pode ser aceita por quem se diz cristão ou católico. Já afirmamos muitas vezes e agora repetimos: não temos partido político, mas não podemos deixar de condenar a legalização do aborto. (confira-se Ex. 20,13; MT 5,21).

Isto posto, recomendamos a todos verdadeiros cristãos e verdadeiros católicos a que não dêem seu voto à Senhora Dilma Rousseff e demais candidatos que aprovam tais “liberações”, independentemente do partido a que pertençam.

Evangelizar é nossa responsabilidade, o que implica anunciar a verdade e denunciar o erro, procurando, dentro desses princípios, o melhor para o Brasil e nossos irmãos brasileiros e não é contrariando o Evangelho que podemos contar com as bênçãos de Deus e proteção de nossa Mãe e Padroeira, a Imaculada Conceição.

D. Luiz Gonzaga Bergonzini
Bispo de Guarulhos




Fonte: Diocese de Guarulhos



quinta-feira, 15 de julho de 2010

Na Europa, “casamento homossexual” não é considerado um direito

Sentença do Tribunal Europeu de Direitos Humanos

ESTRASBURGO, terça-feira, 6 de julho de 2010 (ZENIT.org) - O European Centre for Law and Justice (ECLJ) manifestou apoio à sentença do Tribunal Europeu de Direitos Humanos que afirma não existir na Convenção Europeia de Direitos Humanos um direito ao casamento entre pessoas do mesmo sexo.
Analisando a sentença Schalk e Kopf vs. Austria (n° 30141/04), a Corte declarou que não houve discriminação por parte do Estado austríaco ao impedir que os dois homens contraíssem "matrimônio".

A Corte decidiu por unanimidade que o direito de casar-se é garantido apenas a “homem e mulher”, conforme exposto no artigo 12 da Convenção.
Visto que “o matrimônio tem conotações sociais e culturais profundamente radicadas que podem diferir de uma sociedade para outra, a Corte reitera que não se deve apressar-se a substituir o juízo das autoridades nacionais, que estão mais adaptadas para afrontar e responder as necessidades da sociedade, e que os Estados são ainda livres, com base nos artigos 8, 12 e 14 da Convenção, para limitar o acesso ao matrimônio aos casais de sexo oposto”.

Dessa forma – ainda que temporariamente – o tribunal prudentemente renuncia a impor aos Estados nacionais o reconhecimento legal de casais compostos por indivíduos do mesmo sexo.

Gregor Puppinck, diretor do ECLJ, interpreta este posicionamento à luz da atual “rebelião” de alguns Estados membros causada pelo caso do crucifixo (Lautsi vs. Itália), que se contrapõe a uma tendência de impingir novos direitos “pós-modernos” que contradizem os valores fundamentais da própria Convenção.

“Os Estados não podem ser compelidos a aceitar novas obrigações que não constem na Convenção e que sejam, com efeito, contrárias a esta”, acrescentou Puppinck em declarações concedidas à ZENIT.

Fonte: Agencia Zenit

domingo, 20 de junho de 2010

Missa bem celebrada é a melhor catequese eucarística, assegura Papa

Em seu discurso ao congresso da diocese de Roma


CIDADE DO VATICANO, sexta-feira, 18 de junho de 2010 (ZENIT.org).- “A melhor catequese sobre a Eucaristia é a própria Eucaristia bem celebrada”, assegura Bento XVI, ao exortar toda a Igreja a celebrá-la com toda a dignidade.
O Pontífice deu esta indicação central aos participantes do congresso da diocese de Roma, que começou no dia 15 de junho, na Basílica de São João de Latrão, catedral do bispo da Cidade Eterna.
“A Santa Missa, celebrada com respeito pelas normas litúrgicas e com um uso adequado da riqueza dos sinais e gestos, favorece e promove o crescimento da fé eucarística”, garantiu o Papa.
“Na celebração eucarística, não inventamos algo, e sim entramos em uma realidade que nos precede; mais ainda, ela abarca o céu e a terra e, portanto, também o passado, o futuro e o presente.”
“Esta abertura universal, este encontro com todos os filhos e filhas de Deus, é a grandeza da Eucaristia: saímos ao encontro da realidade de Deus presente no corpo e no sangue do Ressuscitado entre nós.”
Portanto, “as prescrições litúrgicas ditadas pela Igreja não são algo exterior, mas expressam concretamente esta realidade da revelação do corpo e sangue de Cristo e, desta forma, a oração revela a fé”.
Segundo o Bispo de Roma, “é necessário que, na liturgia, apareça de forma clara a dimensão transcendente, a dimensão do mistério do encontro com o Divino, que ilumina e eleva também a dimensão ‘horizontal’, isto é, o laço de comunhão e de solidariedade que se dá entre os que pertencem à Igreja”.
De fato, “quando prevalece esta última, não se compreende plenamente a beleza, a profundidade e a importância do mistério celebrado”.
O Papa deu este conselho aos fiéis de Roma, em particular aos seus sacerdotes: “Celebrai os divinos mistérios com uma participação interior intensa, para que os homens e mulheres da nossa cidade possam santificar-se, entrar em contato com Deus, verdade absoluta e amor eterno”.
E exortou os católicos de Roma a “prestar mais atenção, entre outras coisas com grupos litúrgicos, à preparação e celebração da Eucaristia, para que os que participam possam encontrar o Senhor. Cristo Ressuscitado se faz presente em nosso hoje e nos reúne ao seu redor”.

Fonte: Agencia Zenit

Kyrie Eleison - Comunidade Shalom

quinta-feira, 10 de junho de 2010

VIRTUDES DE NHÁ CHICA APROVADAS PELO VATICANO


Os Teólogos que estiveram reunidos no dia 8 de junho no Vaticano e aprovaram as virtudes da Serva de Deus Nhá Chica. A decisão foi divulgada hoje pela Santa Sé.  Este foi mais um passo em direção a Beatificação. A próxima etapa deverá acontecer em outubro com o estudo do milagre da cura de uma professora de Caxambu que sofria de problemas cardíacos.
A Comissão de Teólogos esteve reunida examinando todos os dados concretos do que se chama Positio, o histórico da Serva de Deus que já foi aprovado há cerca de oito anos. Nesta nova etapa o grupo de especialistas indicados pela Congregação da Causa dos Santos estudou em detalhes as virtudes da Serva de Deus e como as mesmas foram presentes na vida terrena de Nhá Chica. São elas: castidade, obediência, Fé, esperança, caridade, fortaleza, prudência, temperança, justiça e humildade.
Em sua história de vida Francisca de Paula de Jesus deixou testemunhos vivos de santidade,  sobretudo exercitando a caridade em grau heróico. Após aprovada nesta etapa Nhá Chica pode receber o título de Venerável, estando assim mais próxima da Beatificação pela Santa Sé.

sexta-feira, 28 de maio de 2010

Como defender a fé no século 21?

Cardeal Levada responde com novas perspectivas para a apologética cristã

Por Carmen Elena Villa
ROMA, segunda-feira, 3 de maio de 2010 (ZENIT.org).- A defesa da fé não pode ser "muito defensiva nem muito agressiva". Deve se fazer com "cortesia e respeito" e sobretudo com o testemunho pessoal.
Foi o que explicou nessa quinta-feira o cardeal William Levada, prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, no congresso "Uma apologética para um novo milênio", concluído na sexta-feira na Universidade Ateneu Regina Apostolorum em Roma. O purpurado interveio com uma conferência denominada "A urgência de uma nova apologética para a Igreja do século XXI".
O cardeal recordou como os antigos apologistas "dedicaram-se fundamentalmente a obter a tolerância civil para a comunidade cristã, para demonstrar que os cristãos não eram mal-feitores que mereciam a pena de morte".
Depois de fazer um breve percurso pela defesa da fé na história da Igreja, o prefeito explicou como a constituição Dei Verbum, do Concílio Vaticano II, "desenvolve a revelação desde seu centro cristológico, para depois apresentar a responsabilidade iniludível da razão humana como uma dimensão da totalidade".
"Mostra que a relação humana do homem para Deus não consta de duas partes mais ou menos independentes, mas é uma parte indivisível", disse. "Não há tal coisa como uma religião natural em si mesma, mas cada religião é ‘positiva', ainda que por sua positividade não exclui a responsabilidade do pensamento, mas a inclui".
"Como se deveria apresentar uma nova apologética?", questionou o cardeal. "Fé e razão, credibilidade e verdade são exploradas como fundamentos necessários para a fé católica cristã".
Ele disse que a fé, conservando sempre sua essência, deve-se apresentar de uma maneira renovada "quando tem de enfrentar novas situações, novas gerações, novas culturas".
Beleza
Também assegurou que a apologética do novo milênio "deve-se enfocar na beleza da criação de Deus".
"Para que a apologética seja credível - disse - devemos dar especial atenção ao mistério e à beleza do culto católico, da visão sacramental do mundo que nos permite reconhecer e valorizar a beleza da criação como um preâmbulo do novo céu e da terra nova vislumbrados no segundo livro de Pedro e no Apocalipse".
O cardeal Levada recordou as palavras do Papa Bento XVI no encontro com o clero da diocese de Bolzano-Bressanone durante sua visita aos EUA: "a arte e os santos são os maiores apologistas para nossa fé".
Ele disse também que o mais importante é "o testemunho de nossas vidas como crentes que colocamos nossa fé em prática, trabalhando pela justiça e a caridade, como seguidores que imitamos Jesus, nosso mestre".
Assegurou ainda que unir a visão de verdade, justiça e caridade "é essencial para garantir que o testemunho e a ação não são algo passageiro, mas podem dar uma contribuição duradoura para a criação da civilização do amor".
Ambiente de diálogo
O prefeito de Doutrina da Fé disse que na cultura atual é necessário um diálogo sobre "o significado e o propósito da liberdade humana". Assinalou também como uma nova apologética "deve ter em conta o contexto ecumênico e inter-religioso de qualquer diálogo sobre a fé religiosa em um mundo secular".
O purpurado disse que há a necessidade de criar um diálogo "com a ciência e a tecnologia". Ainda que muitos cientistas falem de sua fé pessoal, "no entanto, a face pública da ciência é decididamente agnóstica".
"Seguramente, o novo milênio oferecerá novas oportunidades para expandir esta dimensão chave do diálogo entre fé e a razão", disse, e assegurou que entre as perguntas que agora requerem maior atenção "estão a da evolução na relação com a doutrina da criação".
O purpurado concluiu sua conferência assegurando que a apologética do século XXI não pode ser vista como uma "missão impossível" e disse que em uma sociedade agnóstica, uma condição essencial para que haja verdadeiro diálogo é o "desejo de conhecer o outro na plenitude de sua humanidade".

Fonte: Zenit

quinta-feira, 20 de maio de 2010

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Para os petistas que me mandam ler

Reproduzo texto excelente do amigo Taiguara, acadêmico de Direito, escritor amador, católico convicto, membro do Movimento Regnum Christi.
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Por Taiguara Fernandes de Sousa.

Não é a primeira vez que debato com um petista que me manda “ler”. Digo que “debato” apenas para dar a honra do termo ao petista, já que um petista nunca debate: um debate pressupõe o confronto de idéias. Um petista, quando muito, possui apenas um depósito mórbido de chavões prontos, enfiados cabeça adentro pela doutrinação imbecilizante do Partido. Preconceitos, não idéias.

Ademais, um petista nunca respeita a forma de um debate: sempre desce a níveis crassos de gritos e ranger de dentes. Ao interlocutor, necessário se faz pular na lama para combater o inimigo enlameado: se eles gritam, gritamos também e assim mostramos que não estamos de brincadeira.

Pois um petista, como seus amigos quadrilheiros de Sierra Maestra, só entende de altos brados retumbantes.

Assim, onde digo “debate”, leia-se “debate com um petista”, coisa que, por definição, possui natureza peculiar e bem distinta de um “debate” propriamente dito.

Mas o petista me mandou “ler”...

Isso porque ser conservador, para um petista, é estar num estágio inferior de inteligência, num nível inadmissível de miséria intelectual, que talvez somente o Ministério da Educação seja capaz de curar, após muitas provas de ENEM bem aplicadas. Ser conservador, para um petista, é ser um leproso da inteligência, um pária do esclarecimento, um não-gente no ostracismo das mentes pensantes, para o qual o único remédio é... “ler”.

Porque um petista, vocês sabem, lê muito.

Sempre que não conseguimos atingir a profundidade de suas reflexões filosófico-políticas, o petista tem a resposta: é porque não “lemos”.

“Leia!”, diz o petista aos pobres conservadores. “Leia!”, dí-lo a estas pobres mentes impensantes.

Somente pela “leitura” chegaremos um dia ao nível de intelecção que permite a um petista acusar a política econômica dos Governos anteriores de “neoliberal” e continuar utilizando a mesma política econômica em seu Governo, dizendo agora que “nunca antes na história destepaiz” houve política tão social! Será preciso muita leitura para entender como o mesmo objeto em essência poderá receber ora a impugnação, ora a louvação, a depender de quem ocupe a cadeira da Presidência.

Somente pela “leitura” chegaremos um dia ao nível de inteligibilidade que permite a um petista condenar o Governo Militar como ditatorial e torturador e louvar, quase que concomitantemente, Fidel Castro e Hugo Chávez como heróis da liberdade.

Não consigo, não consigo... Eu “leio” muito pouco!

Sim, eis o problema: pouca “leitura”.

“Leia!”, diz o petista ao conservador.

E, de pronto, encerra o debate. Dá as costas e sai orgulhoso de sua ordem vitoriosa.

Por que, afinal de contas, o que faria uma mente tão elevada com a de um petista perder tempo com pobres almas de raciocínio mórbido que, além de serem conservadoras, não lêem?!

Não, não. Deve estar correto o petista. Devemos “ler”.

Quando atingirmos, então, o seu nível de “leitura”, haveremos de debater.

Entretanto... como “ler”?

Peço vênia ao leitor, desde já, por, sendo eu pessoa de tão pouca leitura, atrever-me a fazer as seguintes considerações sobre tão nobre e profundo raciocínio da argúcia petista.

O petista me manda “ler”...

Tomemos Hugo de São Vítor. Aos petistas, que “lêem” muito, não precisarei explicar quem é. Mas aos conservadores, miseráveis de pouca “leitura”, direi que foi o maior pedagogo da história, exercendo em Paris os ofícios de professor por volta do século XII, tendo deixado uma linhagem de grandes pensadores.

No seu célebre Opúsculo sobre o modo de Aprender e Meditar, o eminente pedagogo preleciona que “os que se dedicam ao estudo devem primar simultaneamente pelo engenho e pela memória”.

O engenho e a memória estão intrinsecamente unidos no estudo bem-sucedido, sendo o primeiro “um certo vigor naturalmente existente na alma, importante em si mesmo” e a segunda “a firmíssima percepção das coisas, das palavras, das sentenças e dos significados por parte da alma ou da mente”.

“O que o engenho encontra, a memória custodia”, completa.

O engenho seria a firme vontade de conhecer – voluntas cognoscendi –, o desejo que impulsiona a alma à busca da Verdade, um vigor necessário para encontrar o conhecimento certo das coisas, conhecimento que a memória passará a custodiar.

Mas, continua Hugo de São Vítor, [d]uas coisas há que exercitam o engenho: a leitura e a meditação. Na leitura, mediante regras e preceitos, somos instruídos pelas coisas que estão escritas. A leitura é também uma investigação do sentido por uma alma disciplinada”.

A leitura - é lição vitorina - nos instrui, nos informa, é uma “investigação do sentido pela alma disciplinada”, é a recorrência aos livros, muitas vezes compaginados militarmente por horas a fio, na busca de matéria-prima para o pensamento.

Mas não é tudo.

Diz o nobre pedagogo que são duas as coisas que exercitam a voluntas cognoscendi: além da leitura, a meditação.

São palavras suas: “A meditação é uma cogitação freqüente com conselho, que investiga prudentemente a causa e a origem, o modo e a utilidade de cada coisa. A meditação toma o seu princípio da leitura, todavia não se realiza por nenhuma das regras ou dos preceitos da leitura. Na meditação, de fato, nos deleitamos discorrendo como que por um espaço aberto, no qual dirigimos a vista para a verdade a ser contemplada, admirando ora esta, ora aquelas causas das coisas, ora também penetrando no que nelas há de profundo, nada deixando de duvidoso ou de obscuro. O princípio da doutrina, portanto, está na leitura; a sua consumação, na meditação.

Assim, a leitura instrui, mas é pela meditação que a alma realmente apreende a Verdade, encontra o significado da leitura, destrincha cirurgicamente o livro, deleita-se nele, investiga com prudência, pela razão, “a causa e a origem, o modo e a utilidade de cada coisa”. Donde que a leitura não é um fim em si mesmo. Nem a meditação. A leitura é o meio inicial, ao qual se segue a meditação, para a consecução da doutrina, do conhecimento.

São lições de Hugo de São Vítor.

Onde quero chegar?

O petista me manda “ler”...

Diz-me para entulhar coisas na cabeça, mas nada sobre separá-las, organizá-las e até jogar fora o que não presta.

O petista me manda “ler”, mas ele mesmo não lê, nem medita.
 
Os petistas que mandam “ler”, quando muito, vão aos congressos do Partido, são ali doutrinados, enfiam-lhes cabeça adentro uma infinidade de chavões para que de lá saiam roboticamente militando na idolatria ao Poderoso Chefão. E ainda acusam os opositores de não “ler”.

O que lê um petista? Qual petista já leu Russell Kirk, G.K.Chesterton, Gustavo Corção, Tocqueville, Maritain, Tomás de Aquino, Aristóteles, Mises, Hayek ou Rothbard?

Mas qual conservador nunca leu Marx, Engels, Lenin e, para ficarmos entre nós, Konder?

Eu sou conservador, e já li Marx, Engels, Gramsci, Lenin e Konder.

Mas o petista que me mandou ler, nunca tocou num livro de Kirk, Chesterton, Corção, do Aquinate ou do Estagirita, só para citar alguns dentre os muitos que sei que ele não leu nem meditou – e eu, pelo menos, já li – e que por isso mesmo não estaria em condições de debater comigo de igual para igual.

Eu, conservador, já li os ideólogos dos petistas e os filósofos conservadores. O petista que me mandou ler mal leu seus ideólogos, muito menos os “meus” filósofos.

Com que autoridade os petistas me mandam “ler”?

Um petista não lê. E, quando lêem – sempre e somente os livros que o Partido lhes empurre –, não meditam. Em suma, ou não têm o princípio do conhecimento – a leitura – ou não chegam à sua consumação – a meditação.

É por este motivo que seus ideólogos – estes, sim, já leram, meditaram e são comunistas de caso pensado, por saberem os benefícios que o Estado burocrático e autoritário proporcionará aos amigos do poder – lhes apelidam sugestivamente de “idiotas úteis”: pessoas que não lêem nem meditam, e que deixaram suas mentes ser domesticadas pelo Partido, transformadas num depósito de tralhas pré-fabricadas pela ideologia. São marionetes adoradoras incondicionais do Poderoso Chefão, muito úteis à manutenção do Grande Irmão e sua quadrilha no poder.

Ou vocês acham que, sem pessoas como o petista que me mandou ler, algum comunista se manteria no poder com seus métodos econômicos falidos, sua filosofia política burra e seu jeito de governar autoritário?

Desta feita, aos petistas que me mandam “ler”, digo: “ler”? Como vocês?

Não, obrigado! Prefiro não “ler”!

Original:  En Garde!

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Juiz evangélico defende crucifixos em repartições públicas

"Embora cristão, as doutrinas católicas diferem em muitos pontos do que eu creio, mas se foram católicos que começaram este país, me parece mais que razoável respeitar que a influência de sua fé esteja cristalizada no país."

Este é um trecho do artigo do juiz titular da 4ª Vara Federal de Niterói (RJ), William Douglas, publicado nesta semana, no site Consultor Jurídico [íntegra aqui]. O magistrado, que se denomina evangélico, critica a ação do Ministério Público Federal que pede a retirada de símbolos religiosos nos locais públicos federais de São Paulo.
.: Presidente do STF critica ação para retirada de símbolos religiosos

"Querer extrair tais símbolos não só afronta o direito dos católicos conviverem com o legado histórico que concederam a todos, como também a história de meu próprio país e, portanto, também minha. Em certo sentido, querer sustentar que o Estado é laico para retirar os santos e Cristos crucificados não deixaria de ser uma modalidade de oportunismo".

Para o juiz William Douglas, muitos que são contrários à permanência dos símbolos religiosos em repartições públicas, na verdade professam uma nova religião, a "não religião".

"Todos se recordam do lamentável episódio em que um religioso mal formado chutou uma imagem de Nossa Senhora na televisão. Se é errado chutar a imagem da santa, não é menos agressivo querer retirar todos os símbolos. Não chutar a santa, mas valer-se do Estado para torná-la uma refugiada, uma proscrita, parece-me talvez até pior, pois tal viés ataca todos os símbolos de todas as religiões, menos uma. Sim, uma: a 'não religião', e é aqui que reside meu principal argumento contra a moda de se atacar a presença de símbolos religiosos em locais públicos".

O magistrado aponta que os defensores da ação do Ministério Público Federal têm uma interpretação parcial da laicidade do Estado, passando a querer eliminar todo e qualquer símbolo, e por consequência, toda manifestação de religiosidade. "Isso sim é que é intolerância", pontua.

"Quando vejo o crucifixo com uma imagem de Jesus não me ofendo por (segundo minha linha religiosa) haver ali um ídolo, mas compreendo que em um país com maioria e história católica aquela imagem é natural".

O juiz federal afirma que a imagem de Jesus Cristo na cruz até remete a uma  conduta ética dos magistrados. "O crucifixo nas cortes, independentemente de haver uma religião que surgiu do crucificado, é uma salutar advertência sobre a responsabilidade dos tribunais, sobre os erros judiciários e sobre os riscos de os magistrados atenderem aos poderosos mais do que à Justiça".

No final  do artigo, o juiz recorda sua posição evangélica, ao mesmo tempo em que reconhece o papel fundamental do catolicismo na história do Brasil.

"Eu, protestante e empedernidamente avesso às imagens esculpidas, as verei nas repartições públicas e saudarei aos católicos, que começaram tudo, à liberdade de culto e de religião, à formação histórica desse país e, mais que tudo, ao fato de viver num Estado laico, onde não sou obrigado a me curvar às imagens, mas jamais seria honesto (ou laico, ou cristão, ou jurídico) me incomodar com o fato de elas estarem ali".
 Fonte: Notícias Canção Nova

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Reforma de Bento XVI: inovação e tradição na liturgia



Entrevista com o teólogo e liturgista Nicola Bux

Por Antonio Gaspari
ROMA, segunda-feira, 29 de março de 2010 (ZENIT.org).- Em julho de 2007, com o motu proprio “Summorum Pontificum”, Bento XVI restabeleceu a celebração da Missa segundo o rito tridentino.
O fato suscitou uma agitação. Elevaram-se vibrantes vozes de protesto, mas também aclamações valentes.
Para explicar o sentido e a prática da reforma litúrgica de Bento XVI, Nicola Bux, sacerdote e especialista em liturgia oriental, além de consultor do Ofício de Celebrações Litúrgicas do Sumo Pontífice, publicou o livro La riforma di Benedetto XVI. La liturgia tra innovazione e tradizione (Piemme, Casale Monferrato 2008), com prólogo de Vittorio Messori.
No livro, o especialista explica que a recuperação do rito latino não é um retrocesso, uma volta à época anterior ao Concílio Vaticano II, mas sim um olhar adiante, recuperando da tradição passada o mais belo e significativo que esta pode oferecer à vida presente da Igreja.
Segundo Bux, o que o Pontífice pretende fazer em sua paciente obra de reforma é renovar a vida do cristão, os gestos, as palavras, o tempo cotidiano, restaurando na liturgia um sábio equilíbrio entre inovação e tradição, fazendo surgir, com isso, a imagem de uma Igreja sempre em caminho, capaz de refletir sobre si mesma e de valorizar os tesouros dos quais é rico seu depósito milenar.
Para tentar aprofundar no significado e no sentido da liturgia, em suas mudanças, na relação com a tradição e no mistério da linguagem com Deus, Zenit entrevistou Nicola Bux.
-O que é a liturgia e por que ela é tão importante para a Igreja e para o povo cristão?
Bux: A sagrada liturgia é o tempo e o lugar no qual certamente Deus vai ao encontro do homem. Portanto, o método para entrar em relação com Ele é precisamente o de dar-lhe culto: Ele nos fala e nós lhe respondemos; agradecemos e Ele se comunica conosco. O culto, do latim colere – cultivar uma relação importante –, pertence ao sentido religioso do homem, em toda religião, desde os tempos mais remotos.
Para o povo cristão, a sagrada liturgia e o culto divino realizam, portanto, a relação com tudo o que existe de mais querido, Jesus Cristo Deus. O atributo “sagrada” significa que nela tocamos sua presença divina. Por isso, a liturgia é a realidade e a atividade mais importantes para a Igreja.
-Em que consiste a reforma de Bento XVI e por que ela suscitou tantas reações?
Bux: A reforma da liturgia, segundo a constituição litúrgica do Concílio Vaticano II, como instauratio, isto é, como restabelecimento no lugar correto da vida eclesial, não começa com Bento XVI, mas com a própria história da Igreja, desde os apóstolos à época dos mártires, do Papa Dâmaso até Gregório Magno, de Pio V e Pio X a Pio XII e Paulo VI.
instauratio é contínua, porque o risco de que a liturgia decaia do seu lugar, que é o de ser fonte da vida cristã, existe sempre; a decadência chega quando o culto divino é submetido ao sentimentalismo e ao ativismo pessoais de clérigos e leigos que, penetrando-o, transformam-no em obra humana e entretenimento espetacular: um sintoma hoje é, por exemplo, o aplauso na Igreja, que sublinha indistintamente o batismo de um recém-nascido e a saída de um caixão em um funeral.
Uma liturgia convertida em entretenimento não precisa de uma reforma? Isso é o que Bento XVI está fazendo: o emblema da sua obra reformadora será o restabelecimento da cruz no centro do altar, para fazer compreender que a liturgia está dirigida ao Senhor e não ao homem, ainda que este seja ministro sagrado.
A reação existe sempre em cada mudança na história da Igreja, mas não é preciso assustar-se.
-Quais são as diferenças entre os chamados inovadores e os tradicionalistas?
Bux: Estes dois termos devem antes ser esclarecidos. Se inovar significa favorecer a instauratio da qual falávamos, é precisamente o que está faltando; assim também quanto à traditio, que significa proteger o depósito revelado, sedimentado também na liturgia. Se, no entanto, inovar significa transformar a liturgia de obra de Deus em ação humana, oscilando entre um gosto arcaico, que quer conservar dela somente os aspectos que agradam, e um conformismo segundo a moda do momento, estaríamos no mau caminho. Ou ao contrário: ser conservadores de tradições meramente humanas, que se sobrepuseram como incrustação na pintura e não permitem que percebamos a harmonia do conjunto.
Na verdade, os dois opostos acabam coincidindo, revelando sua contradição. Um exemplo: os inovadores sustentam que a Missa antigamente era celebrada dirigida ao povo. Os estudos demonstram o contrário: a orientação ad Deumad Orientem, é a própria do culto do homem a Deus. Pensemos no judaísmo. Ainda hoje, todas as liturgias orientais conservam isso. Como é possível que os inovadores, amantes da restauração dos elementos antigos na liturgia pós-conciliar, não o tenham conservado?
-Que significado tem a tradição na história e na fé cristãs?
Bux: A tradição é uma das fontes da Revelação: a liturgia, como diz o Catecismo (n. 1124), é seu elemento constitutivo. Bento XVI, no livro “Jesus de Nazaré”, recorda que a Revelação se tornou liturgia. Depois, temos as tradições de fé, de cultura, de piedade que entraram e revestiram a liturgia, de maneira que conhecemos várias formas de ritos no Oriente e no Ocidente. Todos compreendem, portanto, por que a constituição sobre liturgia, no n. 22, § 3, afirma peremptoriamente: “Ninguém mais, mesmo que seja sacerdote, ouse, por sua iniciativa, acrescentar, suprimir ou mudar seja o que for em matéria litúrgica”.
-Você acha que seria possível voltar à Missa em latim hoje?
Bux: O Missal Romano renovado por Paulo VI está em latim e constitui a edição chamada típica, porque a ela devem se referir as edições em línguas atuais preparadas pelas conferências episcopais nacionais e territoriais, aprovadas pela Santa Sé. Portanto, a Missa em latim continuou sendo celebrada também com o novo Ordo, ainda que raramente. Isso acabou contribuindo para a impossibilidade de uma assembleia composta de línguas e nações participar de uma Missa celebrada na língua sagrada universal da Igreja Católica de rito latino. Assim, em seu lugar, nasceram as chamadas Missas internacionais, celebradas de forma que as partes da celebração sejam recitadas ou cantadas em muitas línguas; assim, cada grupo entende somente a sua!
Havia-se mantido que o latim não era entendido por ninguém; agora, se a Missa em um santuário é celebrada em quatro idiomas, cada grupo acaba compreendendo apenas 25% dela. Além de outras considerações, como desejou o sínodo de 2005 sobre a Eucaristia, é preciso voltar à Missa em latim: pelo menos uma dominical nas catedrais e nas paróquias. Isso ajudará, no convite à sociedade multicultural atual, a recuperar a participação católica, seja quanto a sentir-se Igreja universal, seja quanto a unir-se a outros povos e nações que compõem a única Igreja. Os cristãos orientais, ainda dando espaço às línguas nacionais, conservaram o grego e o eslavo eclesiástico nas partes mais importantes da liturgia, como a anáfora e as procissões com as antífonas para o Evangelho e o ofertório.
Para instaurar tudo isso, contribui enormemente o antigo Ordo do Missal Romano anterior, restabelecido por Bento XVI com o motu proprio “Summorum Pontificum”, que, simplificando, chama-se Missa em latim: na verdade, é a Missa de São Gregório Magno, enquanto sua estrutura básica se remonta à época desse pontífice e permaneceu intacta através dos acréscimos e simplificações de Pio V e dos demais pontífices até João XXIII. Os padres do Vaticano II a celebraram diariamente, sem advertir nenhuma oposição com relação à modernização que estavam realizando.
-Bento XVI falou do problema dos abusos litúrgicos. De que se trata?
Bux: Para dizer a verdade, o primeiro em lamentar as manipulações na liturgia foi Paulo VI, poucos anos depois da publicação do Missal Romano, na audiência geral de 22 de agosto de 1973. Paulo VI, por outro lado, estava certo de que a reforma litúrgica realizada após o Concílio verdadeiramente havia introduzido e sustentado firmemente as indicações da constituição litúrgica (cf. Discurso ao Colégio dos Cardeais, 22 de junho de 1973). Mas a experimentação arbitrária continuava e exacerbava, no entanto, a saudade do rito antigo. O Papa, no consistório de 27 de junho de 1977, admoestava os “rebeldes” pelas improvisações, banalidades, frivolidades e profanações, pedindo-lhes severamente que se ativessem à norma estabelecida para não comprometer a regula fidei, o dogma, a disciplina eclesiástica, lex credendi orandi; e também aos tradicionalistas, para que reconhecessem a “acidentalidade” das modificações introduzidas nos ritos sagrados.
Em 1975, a bula Apostolorum Limina, de Paulo VI, para a convocação do ano santo, a propósito da renovação litúrgica, observava: “Consideramos extremamente oportuno que esta obra seja reexaminada e receba novas evoluções, de forma que, baseando-se no que foi firmemente confirmado pela autoridade da Igreja, possa-se observar em todos os lugares os que são verdadeiramente válidos e legítimos e continuar sua aplicação com zelo ainda maior, segundo as normas e métodos aconselhados pela prudência pastoral e por uma verdadeira piedade”.
Omito as denúncias de abusos e sombras na liturgia por parte de João Paulo II em muitas ocasiões, em particular na carta Vicesimus quintus annus, desde a entrada em vigor da constituição sobre liturgia. Bento XVI, portanto, pretendeu voltar a examinar e dar novo impulso precisamente abrindo uma janela com o motu proprio, para que, pouco a pouco, mude o ar e encarrilhe tudo o que foi além da intenção e da letra do Concílio Vaticano II, em continuidade com toda a tradição da Igreja.
-Você afirmou diversas vezes que, em uma liturgia correta, é necessário respeitar os direitos de Deus. Você poderia explicar isso?
Bux: A liturgia, termo que em grego indica a ação ritual de um povo que celebra, por exemplo, suas festas, como acontecia em Atenas ou como acontece ainda hoje com a inauguração das olimpíadas e outras manifestações civis, evidentemente é produzida pelo homem. A sagrada liturgia ostenta este atributo porque não está feita à nossa imagem – em tal caso, o culto seria idolátrico, isto é, criado pelas nossas mãos –, mas pelo Senhor onipotente: no Antigo Testamento, com sua presença, indicava a Moisés como ele deveria dispor, nos seus mínimos detalhes, o culto ao Deus único, junto ao seu irmão Aarão. No Novo Testamento, Jesus defendeu o verdadeiro culto, expulsando os vendedores do templo, e deu aos apóstolos as disposições para a Ceia pascal.
A tradição apostólica recebeu e relançou o mandato de Jesus Cristo. Portanto, a liturgia é sagrada, como diz o Ocidente, e é divina, como diz o Oriente, porque é instituída por Deus. São Bento a define como opus dei, obra de Deus, à qual nada deve ser anteposto. Precisamente a função mediadora entre Deus e o homem, própria do sumo sacerdócio de Cristo e exercida na e com a liturgia pelo sacerdote ministro da Igreja, testifica que a liturgia descende do céu, como diz a liturgia bizantina, baseada na imagem do Apocalipse. É Deus quem a estabelece e, portanto, indica como devemos adorá-lo “em espírito e em verdade”, isto é, em Jesus, seu Filho, e no Espírito Santo. Ele tem o direito de ser adorado como Ele quer.
Sobre tudo isso, é necessária uma profunda reflexão, porque seu esquecimento está na origem dos abusos e das profanações, já descritas admiravelmente em 2004 pela instrução Redemptionis Sacramentum, da Congregação para o Culto Divino. A recuperação do Ius divinum na liturgia contribui muito para respeitá-la como coisa sagrada, como prescreviam as normas; mas também as normas devem voltar a ser seguidas com espírito de devoção e obediência por parte dos ministros sagrados, para edificação de todos os fiéis e para ajudar muitos dos que buscam Deus a encontrá-lo vivo e verdadeiro no culto divino da Igreja.
Os bispos, sacerdotes e seminaristas devem voltar a aprender e realizar os sagrados ritos com este espírito, e assim contribuirão para a verdadeira reforma querida pelo Vaticano II e, sobretudo, para reavivar a fé que, como escreveu o Santo Padre na carta aos bispos, de 10 de março de 2009, corre o risco de apagar-se em muitos lugares do mundo.
 Fonte: Agencia Zenit

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domingo, 7 de fevereiro de 2010

O latim, língua viva na Igreja

 


Ao cair da tarde de um dos dias primaveris do ano de 374, sobre a amurada de um dos navios ancorados no porto de Aquileia e prestes a levantar ferro, rumo a Dirráquio, um jovem de 27 anos aguardava, impaciente, o momento em que os escravos encarregados das mercadorias dos passageiros, corressem para as suas bagagens, que ele vigiava com olhar solícito e acrisolado carinho. A viagem ia ser longa e a sua equipagem, composta exclusivamente de preciosos pergaminhos latinos, reunidos em Roma «à custa de mil suores e fadigas», corria perigo.

Esse estudante, que doze anos antes, deixara a sua pequena pátria Estridónia, nas fronteiras da Dalmácia, para se ir matricular na Urbe entre os discípulos do célebre gramático romano, Élio Donato, e regressava agora com o espírito e as malas carregadas de erudição dos clássicos latinos, era Jerónimo - o homem que a Igreja havia de sublimar com a auréola de santo e a humanidade havia de saudar com o encomiástico nome de Cícero cristão.

Rijas batalhas devia ele travar com encarniçados impugnadores da cultura clássica, alguns dos quais, como Rufino, não hesitariam em acusá-lo de pagão, perjuro e infiel ao juramento prestado ante o tribunal de Deus.

Imunizava-o, porém, contra os ataques dos adversários do classicismo, o exemplo decidido de S. Paulo, o qual escrevendo a Tito empregou um hemistíquio heróico do poeta Epiménides, e noutra carta um verso senário de Menandro; e até duma inscrição, encontrada por acaso, se servira para a defesa da fé.

Por isso, o monge de Belém podia replicar aos que injustamente o arguíam: «Que admira que eu, encantado com a graça e beleza da sabedoria profana, tenha pretendido fazer dela uma israelita, de criada e escrava que era? Depois de a ter despojado de tudo o que tem de mortal, de tudo o que cheira a idolatria, a erros e a prazeres pecaminosos, não poderei eu, aliando-me com ela, torná-la fecunda para Deus?» .

Pensava acertadamente este humanista de gema, e a própria Igreja católica era a que lhe insuflava o mais estimulante incentivo, fazendo uso assíduo da língua e cultura do Lácio nas suas escolas e nos seus escritos.

A missão universal atribuída por Plínio à língua latina, não acabou com a queda do império romano; a Igreja católica, fazendo seu o idioma do Lácio, como que lhe comunicou a sua vitalidade perene, unitiva e pacificadora, servindo-se dele para evangelizar os povos e para criar a nova civilização cristã.

Os Apologetas e Padres Latinos, ao exararem suas obras na majestosa língua de Roma, transfundiram-Ihe nova seiva, criaram novos vocábulos, remoçaram-na, avigoraram-na e cerziram-na em moldes de mais ampla e moderna tessitura.
Minúcio Félix e S. Jerónimo, Tertuliano e S. Agostinho, S. Cipriano e S. Leão Magno, pela elegância do seu estilo rico e sonoro, pelo vigoroso poder de expressão verbal inconfundível, e pela beleza das páginas que criaram, podem não só competir com os escritores mais celebrados da época áurea de Roma, mas superam-nos, até, na sublime elevação do seu pensamento medularmente cristão.

E foram estes homens da Igreja, foram os humanistas, os filósofos e os teólogos cristãos, os que mais trabalharam, consciente ou inconscientemente, pela vitalidade imperecível do latim. Como subtilmente notou A. Bacci, «o latim não morreu, nem podia morrer, porque foi chamado a participar da mesma indefectível vida da Igreja».

Ninguém, mais do que os Pontífices romanos, tem enaltecido a importância do latim, e inculcado tão insistentemente o seu estudo teórico e prático.

Para só mencionar testemunhos mais modernos, citemos primeiramente as palavras exortatórias de Pio IX, na Carta Encíclica, Singulari quidem, aos Bispos do Império Austríaco, a 17 de Março de 1856: «Procurai com todas as veras, que principalmente nos vossos seminários, os jovens seminaristas se formem cuidadosamente no conhecimento da língua latina e no estudo das humanidades ... ».

Leão XIII, na Carta, Plane quidem intelligis, ao Cardo Vigário de Roma, de 20 de Maio de 1885, exprime o veemente desejo de que se proporcione ao clero uma esmerada cultura literária e se dê 'a primazia ao latim, como companheiro e auxiliar, que é, da Religião católica em todo o Ocidente: est latinus sermo religionis catholicae Occidente to to comes et administer».

E em Carta Encíclica dirigida aos Bispos e ao Clero da França, em Setembro de 1899, o imortal Pontífice da Rerum Novarum, sentindo que os Seminários franceses, por cedência aos programas do Estado tendentes a reduzir o estudo do latim, corriam o risco de o mutilar também nas suas aulas, previne os Prelados do perigo e recorda-lhes a urgente necessidade de manterem «os estudos dos aspirantes ao sacerdócio fiéis aos métodos tradicionais dos séculos passados. Foram eles que formaram os homens eminentes de que a Igreja de França justamente se gloria». E, concretizando mais, adverte: «Se de há vários anos para cá, os métodos pedagógicos em vigor nas escolas do Estado reduzem progressivamente o estudo da língua latina e suprimem os exercícios de prosa e verso, a que os nossos antepassados davam, e com razão, tanta importância, os Seminários menores devem estar alerta contra tais inovações inspiradas em preocupações utilitárias, e que redundam em detrimento da sólida formação do espírito».

Por sua vez, S. Pio X, na Carta Vehementer sane, enviada aos Bispos de todo o orbe católico, a 1 de Junho de 1908, depois de chamar seriamente a atenção para o facto de «ser o latim a língua própria da Igreja (linguam latinam iure meritoque dici et esse linguam Ecclesiae propriam), bem como «a língua da Filosofia e da Teologia (sed praeterea lingua latina cum Philosophiae, tum sacrarum disciplinarum lingua facile dicenda est), ordena que os Professores expliquem essas matérias em latim».

Com não menos vigor se exprimiu Bento XV, em Carta aos Bispos alemães, datada de 9 de Outubro de 1921: «Os alunos aprendam com empenho a língua latina e vernácula... Procurem sobretudo, com diligência, os Bispos que o estudo do latim recupere com brilho o seu antigo esplendor: Sed curent praesertim diligenterque provideant Episcopi ut studium latini sermonis... in spem veteris gloriae revirescat».

Pio XI consagrou à causa do latim na Igreja uma atenção muito particular. Em 1 de Agosto de 1922, frisando que o conhecimento do latim entre os clérigos importava não só ao estudo das humanidades, mas à própria Religião, declarava: «É evidente que o clero, primeiro que ninguém, deve mostrar grande afeição à língua latina: liquet clerum, ante alios, latinae linguae perstudiosum esse oportere». E dá, entre outras, esta razão subtil: «Se em qualquer leigo de mediana cultura, a ignorância da língua latina, que podemos chamar verdadeiramente católica (quam dicere catholicam vere possumus), denota menos amor à Igreja, quanto mais convém que todos os clérigos conheçam a fundo essa mesma língua!».

Como medida prática a atestar o interesse qqe votava a tão nobre causa, ordenou Pio XI, pelo Motu Proprio. Litterarum Latinarum, de 20 de Outubro de 1924:

1.º - Que na Universidade Gregoriana, confiada pela Santa Sé à Companhia de Jesus, se erigisse uma cátedra de latinidade para ensino da língua e literatura latinas.

2.º - Que os Mestres que houvessem de reger essa cátedra, procurassem por meio de frequentes exercícios orais e escritos, levar os alunos a um aperfeiçoamento mais primoroso do estilo latino.

3.º - Que o curso compreendesse dois anos; e que ao cabo desse biênio, se entregasse um diploma aos alunos devidamente aprovados no exame final. Os alunos providos de tal diploma seriam preferidos nos concursos para a obtenção de benefícios junto da Santa Sé e das Cúrias diocesanas, e os mais distintos seriam premiados.

4.º - As aulas seriam franqueadas a todos, mesmo aos leigos. Particularmente desejava o Sumo Pontífice que fossem frequentadas por alunos dos Seminários e das Comunidades religiosas, residentes na Itália ou fora dela, mormente por aqueles que os Prelados julgassem mais idóneos para o estudo do latim.

Finalmente, Pio XII proclama o uso do latim como «evidente e belo sinal de unidade e remédio eficaz contra qualquer possível corrupção da genuína doutrina». Considera a língua latina como «um tesoiro de incomparável beleza: thesaurus est incomparandae praestantiae». Mas não pode abafar o queixume de verificar que «a língua latina: glória dos sacerdotes, tem cada vez menos e mais frouxos cultores: Proh dolor, latina lingua, gloria sacerdotum, nunc languidiores usque et pauciores habet cultores». Não quer que haja sacerdote algum que não a entenda e fale com facilidade e fluência: «Nullus sit sacerdos, qui eam nesciat facile et expedite legere et loqui». Se algum sacerdote houver que a ignore, deve-se crer que sofre de lamentável deformidade mental: quare sacrorum administer qui eam ignorat, reputandus est lamentabili mentis laborare squalore.

Nada mais justificado do que estes tão reiterados apelos dos Sumos Pontífices para o cultivo do latim entre os eclesiásticos. O latim é a língua de comunicação universal entre os sacerdotes das mais longínquas e diversas regiões; é a língua em que se encontram traduzidos os livros do Antigo e Novo Testamento; é a língua em que são redigidos a maior parte dos documentos Pontifícios; é a língua em que foram escritos alguns dos tratados mais belos e autorizados de ascese e exegese Patrística, de Teologia, de Filosofia e de Pastoral; é finalmente a língua em que os sacerdotes da Igreja Latina recitam as preces canónicas do Breviário, da Missa e das cerimónias litúrgicas.

Tem-se esboçado aqui e além certa tendência a acabar com o latim na missa e no ritual. Embora sob o aspecto pastoral pudesse ter alguma vantagem o emprego da língua vernácula, a isso fàcilmente se ocorre com a tradução do missal para uso dos fiéis e com a versão de algumas fórmulas na administração de vários sacramentos, autorizada já pela Santa Sé para diversas nações.

Mas ao lado do aspecto pastoral, há o aspecto católico. O Cardeal Gibbons tentou um dia dar a razão do emprego do latim na missa e nas funções litúrgicas da Igreja. E era precisamente este aspecto católico que o eminente Purpurado pretendia focar: «Quando se implantou pela primeira vez o Cristianismo, dirigia os destinos do mundo o Império romano (...). O latim era a língua do império (...). A Igreja adoptou naturalmente na sua liturgia do culto público, a língua que então preponderava entre os povos. Os Padres da primitiva Igreja escreveram geralmente na língua latina, que assim se tornou depósito dos tesoiros da literatura sagrada na Igreja.

No século v sobreveio a ruptura do Império Romano. Novos reinos começaram a formar-se na Europa, sobre as ruínas do velho Império. O latim deixou gradualmente de ser língua viva dos povos, e novos idiomas começaram a brotar da língua-mãe. A Igreja, porém, conservou na sua liturgia e na administração dos sacramentos a língua latina, por muitas e prudentes razões:

Primeiramente, a unidade da fé. A Igreja Católica mantém sempre uma e a mesma fé, a mesma forma de culto público, o mesmo governo espiritual. Assim como a sua doutrina e liturgia se conservam inalteráveis, assim ela deseja que a linguagem da sua liturgia seja fixa e uniforme. A Fé Pode chamar-se a jóia, e a linguagem o cofre que a contém. A Igreja é tão cuidadosa em preservar intacta a jóia, que não se atreve a modificar o cofre em que ela se encerra. As línguas vivas, ao contrário duma língua morta, mudam constantemente o vocabulário e seu significado (...). A língua latina, pelo contrário, sendo uma língua morta, não está sujeita a essas vicissitudes».

O ilustre Antístite Baltimorense apela depois para a catolicidade da Igreja e salienta, que em contraste com o que se passa nas seitas protestantes, como nos Concílios ecuménicos, é a língua latina que permite o mútuo entendimento e fácil expressão entre os membros das mais remotas e variadas nacionalidades. Por fim, entrando mais em concreto na questão proposta sobre o uso do latim na missa, o Cardeal Gibbons formula a objecção, à qual responde imediatamente: «Mas o facto de o sacerdote dizer a missa numa língua desconhecida, não fará com que o povo ignore o que ele está dizendo e perca assim o seu tempo na Igreja.

Sentimos vontade de sorrir perante tais objecções que se repetem levianamente de ano para ano. Tais asserções procedem de uma ignorância total do que é a missa.

Muitos protestantes imaginam que a essência do culto público consiste num sermão. Daí que para eles, o principal dever dos fiéis é escutar o discurso que lhes é dirigido do púlpito. Pelo contrário, a oração, segundo a doutrina católica, é o dever mais essencial dos fiéis, se bem que estes são instruídos com regularidade por meio de sermões. Ora, o que vem a ser a missa? Não é um sermão, mas uma oração sacrifical que o sacerdote oferece a Deus por si mesmo e pelo povo. Quando o sacerdote celebra a Missa, não fala com o povo, mas com Deus, para quem todas as línguas são inteligíveis.

Os fiéis não podem, certamente, ouvir o celebrante (...), visto que boa parte do que ele diz é pronunciado em voz baixa. E era este o sistema cultual prescrito por Deus na Antiga Lei, como lemos no Antigo Testamento e no primeiro capítulo de S. Lucas. O sacerdote oferecia o sacrifício e orava pelo povo no santuário, enquanto os fiéis oravam a distância, no átrio. Em todas as igrejas cismáticas do Oriente, o sacerdote nas funções públicas não reza em vernáculo, mas numa língua morta. O mesmo se pratica hoje em dia nas sinagogas judaicas: o Rabi reza em hebraico, que é uma língua com a qual boa parte dos fiéis não estão familiarizados.

Mas será verdade que o povo não entende o que o sacerdote diz na missa? De modo nenhum. Por meio de um missal em vernáculo pode seguir o celebrante desde o princípio até ao fim das funções religiosas».

A uma exposição tão clara e tão brilhante, como esta, nada mais há a acrescentar; quando muito, convirá esclarecer que o latim não é língua morta, mas viva. O latim da missa ou do Ritual tem-se conservado mais ou menos inalterável; mas a língua latina, como tal, continua em evolução e progresso, sobretudo na técnica lexicográfica. Não há, a bem dizer, tema moderno e científico, sobre o qual a Igreja não se tenha pronunciado em latim. Recorde-se, por exemplo, a Encíclica de Pio XI, «Vigilanti Cura», sobre o cinema, bem como as normas directivas de Pio XII sobre a radiestesia.

Em Junho de 1939, no vasto pátio de S. Dâmaso, no Vaticano, o Papa Pio XII falou em latim a vários milhares de alunos dos Institutos eclesiásticos de Roma. O latim é a língua usada por mestres e alunos nas disciplinas de Filosofia e Teologia da maior parte dos Seminários e Universidades eclesiásticas de todo o mundo.

Infelizmente, porém, o declínio do estudo do latim, tem atingido também, num e noutro sector, alguns estabelecimentos de ensino eclesiástico. Nem sempre se cumprem à risca as prescrições da Santa Sé quanto ao uso da língua latina nas aulas de Filosofia e de Teologia, e alguns Professores tendem a ampliar abusivamente a concessão feita por Bento XV nas «Normas», enviadas a todos os Ordinários da Itália, nas quais se permitia ao professor acrescentar alguma ulterior explicação em vernáculo.

Com razão, o Geral da Companhia de Jesus, M. R. P. Wlodimiro Ledóchowski, a quem a S. Congregação dos Seminários, preocupada com a sorte do latim e do ensino superior nos Institutos eclesiásticos, solicitou oportunamente o parecer, alegava entre outras razões em defesa do latim nas escolas da Igreja, a da disciplina eclesiástica. A vista de tantos e tão claros documentos Pontifícios, a inculcar o estudo do latim, sobretudo desde o século XVI, quando os inimigos da Igreja, e principalmente a franco-maçonaria, começaram a vibrar-lhe golpes demolidores (bem sabiam eles que alvejar o latim, era até certo ponto alvejar também a Igreja), «é muito triste - comenta o M. R. P. Ledóchowski - que nos seminários, onde se forma o clero e se deve dar exemplo de pressurosa obediência à Santa Sé, documentos Pontifícios tão magníficos e tão solenes, e prescrições tão claras, sejam em não poucos países ou simplesmente ignorados ou (o que é pior) abertamente transgredidos».

Outra grave razão em prol do latim, é a que o mesmo Prepósito Geral deduz da necessidade de preservar, a todo o transe, a «pureza da fé». As línguas modernas estão em constante evolução; em muitas línguas vivas vão-se introduzido muitas alterações sintácticas, morfológicas e semânticas. Pelo contrário, na língua latina os termos criados à custa de discussões profundas através dos séculos, para exprimir os mais altos e difíceis conceitos filosóficos e teológicos, tornaram-se, por assim dizer, termos técnicos, de significação bem definida e fixa. Dada, pois, a dificuldade e o perigo de reproduzir em vernáculo ideias tão transcendentes, expressas numa linguagem concisa e estável, bem se deixa ver o risco a que se expõe a genuína doutrina teológica e filosófica, quando se abandona o latim e se preferem as línguas nacionais.

O perigo é tanto mais sério, quanto por analogia, talvez, com a criação de línguas nacionais, se tem caído nestes últimos tempos de tão exagerado nacionalismo, na louca pretensão de criar Igrejas nacionais. Banir o latim - receia o M. R. P. Ledóchowsld - é arriscar não só a pureza da fé, mas também a «unidade da Igreja».

A estas razões tão autorizadas, queremos adicionar ainda outra, que chamaríamos de «decoro eclesiástico».

A partir, sobretudo, do Congresso de Avinhão, celebrado em Setembro de 1956, acentua-se cada vez mais, entre os próprios leigos, o movimento a favor do latim, não só como língua viva, mas até como língua internacional.

Ainda recentemente os homens cultos do nosso país puderam vibrar de júbilo perante o desassombro com que o Doutor Américo da Costa Ramalho, em bem documentado discurso, provou perante os seus ilustres colegas da Assembleia Nacional, que o latim nem era língua morta, nem inútil, e que, ainda mesmo esquecido, fazia perdurar a sua benéfica influência no espírito e na acção daqueles que um dia o cultivaram.

Todas as tentativas para impor universalmente uma língua artificial, têm fracassado. Inventou-se o Volapük, composto em 1870 pelo célebre poliglota Scheyrer; difundiu-se o Esperanto, da autoria do Dr. Zamenhof, médico ele Varsóvia, que o deu a conhecer em 1887 com outro nome; propuseram-se Interlíngua e o latim sem flexões. Nenhum destes idiomas, porém, obteve um acordo unânime e, muito menos, os resultados práticos que alguns lhe auguravam.
Só o latim oferece solução viável e oportuna.

Seria lamentável que os homens da Igreja, propugnadora invincta da latinidade, cedessem posições na defesa e no cultivo da língua latina!

O M. R. P. Ledóchowski, no depoimento atrás citado, era de parecer, que devia manter-se e exigir-se com firmeza a prescrição do uso do latim nas aulas de Filosofia e Teologia, de tal maneira que não pudessem ser admitidos aos estudos filosóficos os seminaristas que não fossem capazes de compreender o latim dos professores e dos compêndios e, ao menos, passado algum tempo, de exprimir o seu pensamento em latim nas repetições e disputas. Opinava, ainda, que deviam ser depostos do seu ofício os Professores que não quisessem conformar-se com as prescrições da Santa Sé. Finalmente, sugeria que se enviasse um Visitador aos diversos seminários, para se ocupar apenas deste assunto.

Pela nossa parte, acharíamos também útil a abertura de cursos intensivos de latim prático, nas férias do verão, para futuros e actuais Professores de latim nos seminários. Podiam aí tratar-se, em latim, questões gerais e especializadas de Gramática Latina, desenvolver-se um tratado de história da literatura latina em latim, e proferir-se-iam algumas conferências sobre cultura latina, algumas delas acompanhadas de projecções.

Todos os apologistas do latim, como língua viva, estão de acordo em que só os antigos e tradicionais métodos de traduzir, escrever e falar habilitam para o completo domínio do idioma do Lácio.

E não é preciso que se aspire a escrever e falar somente o latim de Cícero e de César, sobretudo quanto ao vocabulário. Não é preciso, nem é possível. Embora a Igreja tenha favorecido sempre, por todos os meios, o latim clássico, admite igualmente e emprega o latim cristão dos SS. Padres, bem como o latim progressivo e moderno, que os homens doutos têm enriquecido, através dos séculos, ante novas necessidades e novos conceitos do pensamento humano.

Mas note-se que latim cristão não é sinónimo de latim bárbaro nem vulgar, nem decadente. Embora, por vezes, se possam depreender vestígios de decadência e vulgaridade nalguns escritos eclesiásticos, a verdade é que a generalidade dos latinistas cristãos, como Tertuliano, Minúcio Félix, S. Jerónimo, S. Agostinho, S. Leão Magno, Erasmo, Marsílio Ficino, Jerónimo Osório e José Caeiro, para citar apenas alguns nomes mais proeminentes na literatura latina cristã do passado, cultivaram com primor as elegâncias do latim clássico, e algumas das suas páginas podem, sem discrepância, figurar ao lado das melhores de Cícero e de César.

Advogamos decididamente a evolução do latim na técnica vocabular, na aquisição de novas palavras e novas expressões, quando a necessidade ou a conveniência o requererem e a autoridade dos mestres o legitimar.

Mas parece-nos indispensável, por motivos de coerência, uniformidade e clareza, a fidelidade aos preceitos gramaticais do latim clássico.

Reprovamos, portanto, solecismos e barbarismos como estes, próprios do latim decadente ou arcaico: videtur quod philosophi vacant, por: videntur vacare philosophi; dixit quid volebat, por: quid vellet; nescit homo si est dignus amoré, por: an sit dignus; adeo aegrotus est, ut iam non vult cibos, por: ut nolit; faveas venire, por: veni, quaeso; etc., etc.

Também seria para desejar a uniformidade de pronúncia, sobretudo agora que tanto se debate o problema do latim como língua universal. Não poderá sê-lo, de modo satisfatório, enquanto se mantiverem as três pronúncias actualmente vigentes: a romana, a tradicional e a restaurada. Esta última, que pode dizer-se suficientemente conhecida e mais científica, vai conquistando, cada dia, mais adeptos não só nas universidades laicas, onde principalmente tem dominado, mas até entre eclesiásticos, sobretudo na Alemanha. No Congresso de Avinhão, em Setembro de 1956, foi proposta como pronúncia única.

Como única a propugna calorosamente César Vicário, S. M., em carta aberta ao Director de «Incunable», magnífico periódico sacerdotal espanhol, que à causa do latim tem consagrado este ano oportunos artigos.

Pelo contrário, o P. Manuel - M. Ibáiíez, em carta publicada no mesmo periódico em Março deste ano, sustenta que a pronúncia universal «no puede ser otra que la romana».

Refuta-o César Vicário, estribando-se na autoridade do P. José Jiménez Delgado, o qual nos Cursos de Humanidades Clássicas, celebrados na Universidade Pontifícia de Salamanca, de 5 a 25 de Agosto de 1957, «demonstrou que nem da célebre carta ao Cardeal Dubois, nem da não menos conhecida aos monges de Monserrat, nem do Sínodo de Tarragona, em que se ventilou este assunto, se deriva obrigação alguma de aceitar a pronúncia romana como pronúncia universal (...). O texto citado pelo P. Ibáiíez expressa realmente um desejo do Papa, mas unicamente a respeito do culto: in liturgico cultu peragendo. E é muito possível - acrescenta César Vicario - que nem Bento XV, nem Pio XI, se expressariam hoje nesses termos».

Quanto a nós, reconhecendo embora as dificuldades práticas da adopção da pronúncia «restaurada» do latim, não hesitaríamos, contudo, em patrocinar a sua universalização dentro e fora da Igreja, apondo-Ihe a condição que já no Congresso de Avinhão propôs M.lle E. Malcovati: «que uma comissão internacional de latinistas de todos os países, designados pelas Associações Clássicas, elaborasse as Regras desta pronúncia, naturalmente adaptada a cada país»; e que se respeitasse «a pronúncia diferenciada - tradicional - do «u» vogal e do «u» consoante antes de vogal (v)», por causa da dureza e cacofonia, a que dá frequentemente azo em palavras e expressões, como estas: uiua, uoce, inuia, Naeuius, etc.

A regra de todas as vogais abertas, vigente na pronúncia romana, apresenta uma vantagem prática que deveria ter-se em conta na adaptação da pronúncia restaurada, onde a prolação das vogais com som fechado ou aberto, consoante a sua quantidade longa ou breve, tornaria bastante complicada a fonética e exigiria um dispêndio de energias e de tempo, talvez não compensativo.

Em todo o caso, com a pronúncia romana, ou com a tradicional, ou com a restaurada, defenda-se e cultive-se, entre os eclesiásticos, o latim como sempre foi tido: língua viva na Igreja.

Extraído de "Estudos de Cultura Greco-Latina", de António Freire, S.J., Livraria Apostolado da Imprensa, Porto, 1960.